Direção: Nicolaj Arcel
País: Dinamarca, Suécia, Republica Tcheca
Ano: 2012
Adaptado do livro de Bodil Steensen-Leth e baseado em fatos históricos da Dinamarca, “O Amante da Rainha” é um romance de época que põe em ênfase o Iluminismo e sua influência no país nórdico.
Em meados do século XVIII, quando o Iluminismo estava
em ascensão por toda a Europa, o jovem rei da Dinamarca, Christian VII (Mikkel
Boe Folsgaard) casa-se com sua prima Caroline Mathilde (Alicia Vikander).
Christian tem tendências esquizofrênicas, sérias dificuldades de socializar-se
e, acaba contratando o médico Johann Struensee (Mads Mikkelsen) para cuidá-lo.
Johann torna-se uma espécie de conselheiro de Sua Majestade. O médico do Rei
simpatiza com o Iluminismo, assim como Caroline, e não demora para que ambos se apaixonem e utilizem da confiança do Rei, para manipulá-lo e
trazerem as ideias iluministas para a Dinamarca.
Em filmes épicos, é notável prevalecer diante de todo
o contexto histórico da época, o romance proibido; e isso não muda em “O Amante
da Rainha”, porém aqui, por muitos momentos, o previsível relacionamento
platônico dá lugar para a ambientalização e a importância do Iluminismo em uma
época tomada pela fé cega da religião e imposição da nobreza perante os
camponeses. Vemos no médico Struensee, uma chama de esperança para
popularização das ideias iluministas na sociedade. “Um homem nasce livre e em
todo lugar encontra-se algemado.”; a frase de Rosseau é a chave da identificação
do médico como interventor na política da Dinamarca da época.
Ao insistir em vacinar o filho do rei contra a
varíola, Johann cita que a doença não é seletiva: “ataca tanto reis e rainhas, como camponeses”; neste momento temos nosso protagonista trazendo a visão do
futuro para dentro da sociedade tomada pela sombra da religião. Em um próximo
momento, um sacerdote levanta as mãos para o céu e agradece a Deus pela saúde
do futuro herdeiro do trono, logo Struensee se impõe: “Deus não teve nada a ver
com isso!”.
Com influência de seu médico, o rei Christian vai trazendo
para a Dinamarca os ideais iluministas: proibição de tortura, universidade para
todos, diminuição das horas de trabalho dos camponeses e abolição da censura.
Em pouco tempo o Conselho que, perdendo poder, se volta contra o Rei e utiliza-se da imprensa livre para manipular a população e derrubar o
médico de seu cargo, criando um escândalo diante do romance da rainha com Struensee.
Embora a estória se passe no século XVIII, fica explícita
a comparação da corrupção e a manipulação midiática com os dias atuais, fazendo
com que o romance de época torne-se um filme político. “O Amante da Rainha”
coloca à tona os princípios do Iluminismo na atualidade, revelando que até hoje
a sociedade reluta contra tais ideais de liberdade, igualdade e justiça.
Em cartaz nos cinemas!
Gustavo Halfen