Direção: Francisco Garcia
País: Brasil
Ano: 2013
Em seu primeiro longa metragem, o diretor Francisco
Garcia homenageia as gerações nascidas nos anos 1980; jovens que acompanharam a
chegada da globalização e da internet em suas vidas, porém não abandonaram a televisão. Embora exista a facilidade de acesso às
diversas atividades, o comodismo se sobressai nesta geração, que não quer se
assumir como deprimida, afogando suas angústias em uma lata de Coca Cola. “Cores”
não os retrata na forma de uma crítica social, mas sim em uma compilação
poética e bela.
Luca (Pedro di Pietro), Luiz (Acauã Sol) e Luara (Simone Iliesco) são amigos, talvez não pela
afinidade de gostos, mas por um comodismo em comum. Luca, mora com a avó e tem
um estúdio de tatuagem pouco ativo. Luiz trabalha em uma farmácia, entretanto
sobrevive com a venda ilegal de “tarjas pretas”. Luara é vendedora em uma loja
de aquários, tem uma imensa vontade de viajar, mas
imersa em seu aquário mundo, todos giram, ela não.
Referenciando a obra cinematográfica de Jim Jarmusch,
o principal elemento de “Cores” é o tédio; como pano de fundo temos a cinzenta
São Paulo, aviões decolam e pousam na capital, entretanto a vida do trio,
retratada metaforicamente na forma da tartaruga de estimação de Luca, é devagar
e preguiçosa. A câmera de Garcia segue a mesma preguiça, grande parte do filme
ela fica estática, fotografando belos planos em PB, recheados de cultura pop
nas entrelinhas, num excelente trabalho do diretor de fotografia Alziro
Barbosa.
Frequentemente o cinema nacional enfatiza o submundo
de forma crua e suja, em tons sombrios, “Cores” vêm na contramão desta
tendência. O cuidado com a fotografia embeleza a decadência, além de
poetizá-la, dando a sensação não de um julgamento, mas sim de uma homenagem à
geração que nasceu no pós punk brasileiro e ao tédio neo existencialista que se
apossa da juventude.
Gustavo Halfen
Nenhum comentário:
Postar um comentário