Direção: Afonso Cuarón
País: EUA, Reino Unido
Ano: 2006
Afonso Cuarón homenageia seus ídolos da cultura pop em
um filme crítico e apocalíptico.
“Filhos da Esperança” chama atenção pela técnica,
referências e pela crítica social, do que pela estória em si. O diretor
mexicano já nos presenteia com um breve plano sequência na primeira cena do
filme, que acaba se apagando um pouco devido a dois principais planos que vêm
posteriormente: dentro de um carro, cinco personagens interagem entre si,
filmados por uma câmera que se movimenta facilmente como uma mosca pelo espaço
interno do automóvel, ali temos um ataque terrorista ao carro, tiros, sangue e
bombas são jogadas contra os personagens enclausurados na frágil viatura; o
outro plano, em um cenário de guerra e tiroteios, aproximando o espectador da
realidade, seguimos o protagonista Théo se escondendo nos escombros dos prédios
tentando encontrar Kee. A cena é longa e a câmera vai ficando cada vez mais
suja de poeira, terra e sangue.
O cenário pavoroso que o longa nos insere, se
contradiz com nosso protagonista que está acostumado e acomodado com a
destruição do planeta, a explicação para tal comportamento vem à tona
posteriormente. A justificativa do ambiente assustador que vive a humanidade,
além da falta de crianças, é feita pela referência da capa do disco Animals do grupo Pink Floyd; na mansão
do primo de Théo, homem influente e curador de obras de arte da humanidade, um
balão em formato de porco, idêntico ao da capa da banda britânica, sobrevoa as
chaminés. Baseado no livro A Revolução dos Bichos de George Orwell, o disco
cita a polícia, os políticos e a população cada um com características de
determinado animal, revelando um retrato da ambição humana e o ciclo negro e
corrompido que o homem vem passando perante a estória da sociedade.
Curiosamente o porco voador está do lado oposto da pintura Guernica, a qual
Pablo Picasso retrata pessoas, animais e edifícios apavorados pelo intenso
bombardeio da força alemã em Guernica, na Segunda Guerra Mundial. Ou seja, a
arte do passado representando o futuro.
Além da música e da pintura, Cidadão Kane também é
homenageado. Em certa cena Théo e a possível parteira de Kee, a observam
brincando em um balanço do lado de fora, através de uma janela, enquanto
discutem o futuro da moça e do bebê em seu ventre. Kee parece tranqüila e
disposta a permanecer onde está; a cena lembra quando Cidadão Kane
brinca na neve com seu trenó Rosebud,
o momento de sua maior felicidade, enquanto seus pais o observam pela janela e
decidem seu destino.
Em um futuro onde todos aguardam um milagroso
nascimento, Cuarón não podia deixar de fora as passagens bíblicas. A anunciação
para o espectador, do primeiro bebê em 18 anos, é feita em um estábulo, rodeado
de palha e vacas. O personagem principal é transformado em nosso Messias,
nota-se que todos os animais de estimação se apegam a ele, como um amigo da
natureza ou do bem. Sem esperança Théo e Kee procuram um navio chamado Amanhã,
uma espécie de Arca de Noé que os levará para uma ilha onde existe o Projeto
Humano, uma espécie de terra sagrada,
onde existe a possibilidade do pródigo bebê crescer em paz.
“Filhos da Esperança” é uma obra pessoal e bastante
técnica que se sobressai perante uma estória previsível e pouco original. Mas
possui seu mérito pela forma como foi abordada, aproximando o expectador do
ambiente apocalíptico seja pela música, pela pintura, pela história do cinema
ou pela cultura cristã.
Gustavo Halfen
O protagonista desta histó ria é definitivamente o meu favorito, Clive Owen sempre me pareceu um ator misterioso e muito talentoso e está mostrando na série é o protagonista The Knick, o papel está se desenvolvendo vai ficar perfeito ea história é escuro e muito interessante.
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