sexta-feira, 3 de maio de 2013

O que traz boas novas (Monsieur Lazhar)


Especial: Competição Oficial do 
3º Festival Internacional de Cinema de Balneário Camboriú



Direção: Philippe Falardeau
País: Canadá
Ano: 2011



 Nunca o tema “escola” foi tão retratado no cinema como nesta última década. Uma temática pouco abordada até os anos 1970 tornou-se mais chamativa em 1982 no musical Pink Floyd The Wall (Alan Parker), e em 1989 no drama “Sociedade dos Poetas Mortos” (Peter Weir). Nos últimos anos com os atentados às escolas nos EUA, a pedofilia e o surgimento do termo bullying, este assunto está em alta e a sétima arte o tem retratado de forma séria e bela; Elefante (Gus Van Sant) em 2003, Entre os Muros da Escola (Laurent Catent) e A Onda (Dennis Gansel) em 2008, e em 2012 “O que traz boas novas”. O longa canadense de Philippe Falardeau exprime como a “morte” é encarada pelas crianças e seus professores nas escolas.

Na trama, Sr Lazhar (Mohamed Fellag) é um argelino que pediu exílio político depois do assassinato de sua família. Assim, foi morar no Canadá disfarçando-se de professor do ensino fundamental que, além de estar atrasado em relação às novas normas e políticas de licenciatura, tem que encarar o fato de estar substituindo uma professora querida entre os alunos que se suicidou na própria sala de aula.


Na busca por superar o trauma de seu passado, Lazhar se identifica com seus alunos, que encaram, cada um de sua forma, o suicídio da professora. O aluno Simón usa a agressividade contra seus colegas na fuga pela culpa que sente pelo acontecimento dramático na escola; ao ter acusado a falecida professora de assédio, quando recebeu um abraço de conforto. Assim, a polêmica entre morte, suicídio, assédio e bullying se entrecruzam na trama.


O professor Lazhar, junto com sua aluna Alice não tem medo de encarar ou expressar seus sentimentos em relação à tragédia. Sua relação com os alunos vai além de ensinar, ele instiga e desperta a capacidade de seus aprendizes; diferente dos outros professores e a coordenadora, que o acusa de desordeiro e provocador.

A sutileza da forma que os assuntos pesados são abordados no longa, tornam o filme leve, e associado às ótimas interpretações, iluminação delicada e a trilha sonora, tornam “O  que traz boas novas” um espetáculo a parte.

Gustavo Halfen

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