Especial: Competição Oficial do
3º Festival Internacional de Cinema de Balneário Camboriú
Direção: Philippe Falardeau
País: Canadá
Ano: 2011
Nunca o tema “escola” foi tão retratado no cinema como
nesta última década. Uma temática pouco abordada até os anos 1970 tornou-se
mais chamativa em 1982 no musical Pink
Floyd The Wall (Alan Parker), e em 1989 no drama “Sociedade dos Poetas
Mortos” (Peter Weir). Nos últimos anos com os atentados às escolas nos EUA, a
pedofilia e o surgimento do termo bullying,
este assunto está em alta e a sétima arte o tem retratado de forma séria e
bela; Elefante (Gus Van Sant) em 2003, Entre os Muros da Escola (Laurent
Catent) e A Onda (Dennis Gansel) em 2008, e em 2012 “O que traz boas novas”. O
longa canadense de Philippe Falardeau exprime como a “morte” é encarada pelas
crianças e seus professores nas escolas.
Na trama, Sr Lazhar (Mohamed Fellag) é um argelino que
pediu exílio político depois do assassinato de sua família. Assim, foi morar no
Canadá disfarçando-se de professor do ensino fundamental que, além de estar
atrasado em relação às novas normas e políticas de licenciatura, tem que
encarar o fato de estar substituindo uma professora querida entre os alunos que
se suicidou na própria sala de aula.
Na busca por superar o trauma de seu passado, Lazhar se
identifica com seus alunos, que encaram, cada um de sua forma, o suicídio da
professora. O aluno Simón usa a agressividade contra seus colegas na fuga pela
culpa que sente pelo acontecimento dramático na escola; ao ter acusado a
falecida professora de assédio, quando recebeu um abraço de conforto. Assim, a
polêmica entre morte, suicídio, assédio e bullying
se entrecruzam na trama.
O professor Lazhar, junto com sua aluna Alice não tem
medo de encarar ou expressar seus sentimentos em relação à tragédia. Sua relação
com os alunos vai além de ensinar, ele instiga e desperta a capacidade de seus
aprendizes; diferente dos outros professores e a coordenadora, que o acusa de
desordeiro e provocador.
A sutileza da forma que os assuntos pesados são
abordados no longa, tornam o filme leve, e associado às ótimas
interpretações, iluminação delicada e a trilha sonora, tornam “O que traz boas novas” um espetáculo a parte.
Gustavo Halfen
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