segunda-feira, 10 de junho de 2013

El Bella Vista

Especial: Competição Oficial do Prêmio "Novos Olhares" 
2º Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba



Direção: Alicia Cano Menoni
País: Uruguai, Alemanha
Ano: 2012





El Bella Vista é um filme difícil de definir o gênero, sendo um longa dentro de outro, "El Bella..." é um documentário ficcional de um acontecimento verídico. E o pior (ou melhor): os personagens foram interpretados pelos próprios protagonistas da história real.

El Bella Vista foi sede de um clube de futebol homônimo, na pequena vila de Durazno, no Uruguai; com a extinção do time, o prédio foi vendido, e lá, fez-se um prostíbulo de travestis, bastante frequentado pelos habitantes da cidade. Após alguns anos de sucesso, a casa noturna foi fechada pelo presidente do extinto clube, que não admitia tamanho paganismo na sua antiga sede futebolística. Logo, de um bordel, a casa tornou-se um centro de catequese de crianças.

Com um roteiro inteligente, El Bella... vai nos apresentando a história em forma de belas fotografias, onde as cores se derretem criando uma diferente textura e aguçando os sentidos do espectador, com um cuidado especial que nos dá vontade de pausar o filme e imprimir as imagens. A preocupação com a iluminação do longa, nos fascina: idosos possuem brilho nos olhos e marcas de experiência nos rostos, e travestis são iluminados por luzes neón.

O documentário sobre o prédio acaba tornando-se um centro de reflexão sobre a sociedade atual no mundo. Futebol, religião, prostituição, homossexualidade, estão intimamente ligados por um ambiente que os abrigou carinhosamente e fez-se deles sucesso, cada um em seu tempo.

O mosaico da sociedade contemporânea no interior, é documentado explorando a questão do preconceito, mas também enfatiza o amor e a necessidade que todos temos de amar e ser amado.

O longa conta com depoimentos dos personagens protagonistas, e adapta à uma ficção. Em cenas vividas pelos personagens, a diretora uruguaia, Alicia Cano Menoni, referencia o clássico da Novelle Vague, Pierrot Le Fou (1965), com rompimento da narrativa, nos lembrando que mesmo sendo um ficção, a realidade é onipresente.

Tudo se interliga dramática e compassadamente em El Bella Vista, em uma mistura de ficção e documentário, fotografia e pintura, atuação e vivência.

Curiosidade: O personagem Frederico não foi encontrado para participar do longa. Portanto somente este, foi protagonizado por um ator.

Gustavo Halfen

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