sábado, 15 de junho de 2013

Boa sorte, meu amor

Especial: Competição Internacional de longa metragem do
Festival Olhar de Cinema de Curitiba


Direção: Daniel Aragão
País: Brasil
Ano:2012



Não é coincidência que “Boa sorte, meu amor” tenha passado em sua segunda sessão no Festival Internacional de Curitiba; cidade fria e solitária, exatamente no dia 12 de junho, dia dos namorados. Classificado pelo diretor como um “anti romance” autobiográfico, “Boa sorte...” retrata um improvável romance buscado pelo protagonista Dirceu, como desculpa para uma busca de autoconhecimento, revelando uma breve história dos moradores de Recife e sua relação com o passado latifundiário no sertão nordestino.

Dirceu, descendente de uma família latifundiária do sertão, tem uma vida estável na capital pernambucana, até conhecer Maria, uma artista questionadora de sua realidade atual. A diferença entre os dois fará Dirceu perseguir novos horizontes em uma saga por um sertão surreal e onírico, onde a realidade e a ficção se confundem.

Em seu primeiro longa metragem, Daniel Aragão homenageia seu leque de referências, em um filme fetichioso, dando ao espectador um deleite aos olhos apurados, e ao mesmo tempo instigando os ouvidos em uma trilha sonora que caminha entre o blues e o clássico, com sinfonias de metais com acordes dissonantes e duvidosos; além de possuir um som diegético peculiar: as falas possuem um volume pouco intenso, se contrapondo com a trilha, que é extremamente alta.


As referências de cinema e música chegam a ser exageradas; temos a vida noturna dos anos 1960: seios expostos e lábios carnudos em closes fetichistas, misturados a chicotes e zooms rápidos lembrando clássicos de faroeste. Experimentamos a sensação de um preto e branco bastante contrastante, como nos filmes de Fellini, a luz expressionista dá uma qualidade irracional e onírica; meninos mergulham em um rio aparentemente sem sentido, o silêncio em algumas cenas parecem desconstruir a narrativa, confundindo o espectador, lembrando até mesmo os filmes surrealistas de Buñuel.

Gustavo Halfen

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