domingo, 28 de abril de 2013

A Caça (Jagten)


Direção: Thomas Vinterberg
País: Dinamarca
Ano: 2012





Além da iluminação característica, o cinema nórdico frequentemente utiliza-se de temas sobre a natureza humana. Thomas Vinterberg é um dos representantes do norte europeu; com conflitos humanos e personagens íntegros, Vinteberg tece sua carreira de grandes filmes como Festa de Família (Festen, 1998), Querida Wendy (Dear Wendy, 2004) e agora A Caça (Jagten).

Na trama, Lucas (Mads Mikkelsen) é um professor de uma escola infantil de uma pequena cidade da Dinamarca onde tem uma relação muito próxima com seus alunos. Certo dia a aluna Klara  e também filha do seu melhor amigo — apaixonada por Lucas, fica chateada pela censura do professor ao dar-lhe um beijo na boca e, influenciada pelos adultos ela insinua para uma professora que Lucas mostrou o pênis a ela. A partir disso, Lucas é acusado de abuso sexual de menores, é agredido e humilhado na rua e os próprios alunos passam a temê-lo. Vemos Klara sendo obrigada a dizer que foi abusada: “Diga o que aconteceu, depois a deixo ir brincar.”, diz o conselheiro dos professores ao entrevistá-la.


A Caça nos dá uma abordagem abrangente sobre temas muito atuais na sociedade. O psicanalista Sándor Ferenczi diz: “a criança fala a linguagem da ternura”; os adultos maliciosos e maléficos é que criam situações de erotismo no universo infantil. Lucas passa por situações de injustiça que deixam o espectador angustiado; o povo da pequena cidade acredita cegamente e sem provas que o professor é pedófilo. “A verdade é a verdade do rebanho.”, cita Nietzsche.

Vinterberg mostra um lado humano desprezível; os resquícios de um povo cristão, que adora ver um homem pregado na cruz, é demonstrado em sua obra de forma cruel, e o espectador se vê cúmplice do injustiçado protagonista.


O longa do diretor dinamarquês foi lançado em 2012 e rendeu o prêmio de melhor ator em Cannes a Mads Mikkelsen. Coincidentemente o filme foi lançado no Brasil na mesma época dos atentados da Maratona de Boston nos EUA, deste ano (2013), onde temos uma busca por vilões e culpados sem provas concretas, para satisfazer o desejo de vingança da sociedade; curiosamente o mesmo desejo daqueles que assombraram a vida de Lucas e o rebaixaram do patamar de “homem predador” para “caça”.

Gustavo Halfen

domingo, 21 de abril de 2013

Bad Boy Bubby


Direção: Rolf de Heer
País: Australia, Itália
Ano: 1993


O diretor holandês Rolf de Heer, em seu quarto filme nos propõe uma análise sobre inúmeros princípios éticos e morais que a sociedade nos impõe; do incesto aos padrões de beleza, temos um drama recheado de humor negro, lembrando muito o longa Underground de Emir Kusturica, que para muitos vai além de um tapa na cara, ou melhor, um soco no estômago.

Na trama, temos Bubby (Nicholas Hope), que devido ao excessivo controle de sua mãe, é mantido preso em uma casa há 35 anos, sem nunca ter saído; convencido pela mãe que o ar lá fora é contaminado e só é possível sair de máscara. Assim sua progenitora inventou diferentes conceitos para mantê-lo trancafiado sem questionamentos. Bubby acredita que Jesus está observando tudo o que ele faz e queimará no inferno se desobedecer sua matriarca. Incesto é algo comum para o rapaz, que frequentemente transa com a mãe e tem uma obsessão pelos grandes seios dela. A violência também é corriqueira, sua mãe não hesita em usá-la para impor medo em Bubby, que acaba descontando em seu gato de estimação.



Após alguns acontecimentos, Bubby acaba saindo de sua “prisão” e descobre que no mundo lá fora não existe perdão. Despreparado para viver em sociedade, Bubby enfrenta situações onde ora é vítima, e ora é culpado; dando referência à Alex ao sair do tratamento "inovador" em Laranja Mecânica (Clockwork Orange, 1971). Com o tempo percebe que as religiões e Deus são invenções humanas e só atrasam o progresso, e passa a lutar por isso. Sua paixão por mulheres gordas, diferente dos padrões de beleza usual, acaba causando certas situações incômodas, e o nosso protagonista  chega a ser preso e estuprado. Por fim Bubby se insere em uma banda, onde tem a liberdade de expressar todas as palavras que tem ouvido desde a conquista de sua autonomia, frases como: “Vai se foder!”; “Eu gosto de suas tetas!”; “Deus eu te odeio!”, são vangloriadas pelo público fiel da banda, e acabam sendo um reflexo da sociedade criminosa que Bubby foi inserido e, está tendo que se adaptar.

Gustavo Halfen

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Bleeder


País: Dinamarca
Ano: 1999






Depois do sucesso de Pusher, onde o diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn cria o primeiro filme de gângster da Dinamarca e um dos mais assistidos do país, seu segundo projeto intitula-se Bleeder que perambula entre a periferia de Copenhague, onde os protagonistas são pessoas instáveis à beira de um ataque de nervos.

Leo (Kim Bodnia) descobre que sua namorada Louise (Rikke Louise Andersson) está grávida e decidiu ter o filho. Com o peso do mundo em suas costas, aos poucos Leo vai refletindo sobre o fato de não ter conquistado nada na vida, e a situação piora quando seu cunhado Louis, um sociopata, o ameaça após saber que Leo bateu em sua irmã. Prevenindo-se, Leo compra uma arma, a partir daí a tensão do filme aumenta vagarosamente, onde o diretor compõe um mundo movediço e traiçoeiro.



O roteiro é construído na densidade humana e na pressão social, a energia quase insuportável do filme é extraída das cenas escuras, excelente trabalho de atuação, cores quentes, além dos fade outs em vermelho, no fim das cenas, prevendo o derramamento de sangue que está por vir. Temos também o ator Mads Mikkelsen no papel de Lenny, amigo de Leo, que trabalha em uma locadora e não sabe conversar sobre outra coisa além de filmes.

A trilha sonora completa a obra que vai de John Lennon ao punk, mas com versões mais cruas e menos conhecidas.



A violência de Bleeder, caracterizada também em outros filmes do diretor, vai longe de ser gratuita como nos filmes de Tarantino e companhia. Aqui, a ferida dói mais! E a dramatização é crua e vermelha!

Gustavo Halfen

quarta-feira, 20 de março de 2013

Uivo (Howl)


Direção: Rob Epstein, Jeffrey Friedman
País: EUA
Ano: 2010




Allen Ginsberg, um dos grandes nomes da geração beat, considerado uma das maiores celebridades do século XX, preso certa vez por cúmplice de assassinato, outra por cúmplice de furto; expulso de Cuba e Tchecoslováquia por pederastia e defender a legalização da maconha; ativista político. Seu poema Uivo é tido como um dos mais belos do século passado, juntamente com o livro “Uivo e Outros Poemas” tanto pela sua forma literária como pela espontaneidade e ritmo jazzístico. Esse filme é sobre esse poema.

O longa não chega a ser uma biografia do escritor, é mais uma homenagem e uma obra cinematográfica baseada no seu poema. Temos quatro atos que se mesclam durante o roteiro: Ginsberg, interpretado carismaticamente por James Franco, em seu apartamento, sob uma luz amarelo esverdeada, rompendo a quarta parede e divagando sobre sua vida e obra em uma entrevista para um suposto jornalista; o tribunal onde sua obra “Uivo e Outros Poemas” está sendo julgada por utilizar linguagem obscena; temos em preto e branco o autor lendo sua poesia na Six Gallery em um evento criado por ele mesmo chamado 6 Poets at 6 Gallery e intercalando com todos estes atos temos uma animação com uma livre interpretação de Uivo sendo lido por J. Franco, onde monstros chifrudos soltam fogo pelo nariz e Neil Cassady leva lindas garotas para transar em seu automóvel, em meio a caveiras pegando fogo, jovens transando nas estrelas e paus gozando fogos de artifício no céu.


Em sua casa Allen fala que as pessoas nunca se chocariam com a expressão de um sentimento; se referindo a quando declarou a seus amigos beats que era homossexual. Explica que o início de Uivo é sobre sua paixão e idolatria pela pessoa e artista que Jack Kerouac representava a ele: “...tagarelando, berrando,  vomitando e sussurrando fatos e lembranças e anedotas...” O poeta explica com sua voz rouca e boêmica que os escritores tem idéias preconcebidas sobre o que  é a literatura, e isso os impossibilita de fazerem coisas mais interessantes; anos depois estas mesmas palavras continuam valendo e saindo da boca do chileno artista multimídia Alejandro Jodorowsky, conhecido pela ousadia, linguagem obscena e surrealismo em suas obras cinematográficas.


Ginsberg ainda conta sobre sua obsessão sexual por Cassady, onde em Uivo ele cita: “...Neil Cassady herói secreto deste poemas, garanhão e Adônis de Denver...”, fala sobre o espírito robótico da população estadunidense no universo pós segunda guerra mundial, além de Carl Solomon, amigo que conheceu no hospício (a quem dedica o poema), sua mãe que enlouqueceu e seu demônio interior chamado Moloch.

Percebemos que o fim do inspirado longa vai chegando quando o poeta beat declama sua obra na 6 Gallery em presença de seus amigos e os cita: “...tudo é sagrado. Todo tempo é uma eternidade (referência de Blake). Todo homem é um anjo....A máquina de escrever é sagrada... O Poema é sagrado... Sagrado Peter, Sagrado Allen, Sagrado Solomon, Sagrado Lucien, Sagrado Kerouac, Sagrado Burroughs... Sagrado Cassady...”.


Assim, ao final temos o verdadeiro Allen Ginsberg cantando Father Death Blues, poema feito para a morte de seu pai.

Um filme que é pura poesia! Para àqueles que pouco conhecem a obra e a vida de Allen e a geração beat, eis uma apetitosa oportunidade para tal. Para aqueles que já o conhecem, delírios poéticos e jazz de uma geração desregrada nunca são de mais.

Gustavo Halfen

segunda-feira, 18 de março de 2013

O Vôo (Flight)


Direção: Roberto Zemeckis
País: EUA
Ano: 2012




Roberto Zemeckis conhecido como criador de uma das maiores trilogias cinematográficas já feitas :De Volta Para o Futuro (para mim a melhor trilogia) e também pela direção do memorável Forrest Gump (1994), em 2012 lança O Vôo.
Na trama Whip Whitaker (Denzel Washington) é um maluco junkie e alcoólatra que passa suas noites (e seus dias) entre uma carreira de pó e “uma trepada”. Ao início temos na trilha Sympathy for the Devil dos Rolling Stones apresentando nosso protagonista indo pilotar um avião lotado de pessoas depois de uma noite de farra. O avião está comprometido e Whip faz uma aterrissagem histórica, comprometendo a vida apenas de seis pessoas das 102 que estavam a bordo. Após uns dias como herói, começam a sair processos e investigações a respeito que no ato heróico de Whitaker ele estava sobre efeito de cocaína e álcool.


Nos primeiros 30 minutos do filme julgava-se que fosse um filme abordando se as drogas realmente tiram o foco e deixam um profissional fadado ao fracasso, pois mesmo sobre efeito de tais substâncias, o desempenho do piloto foi fenomenal. Ou se o filme criticasse a criminalização do uso de drogas. Mas não é o que acontece, aos poucos o longa vai tendendo para a ruína do nosso protagonista, sendo abandonado pela namorada, pela ex esposa e até pelo seu filho.
ALERTA DE SPOILER!


E como todo filme hollywoodiano ao final temos a redenção do nosso agora anti-herói e uma lição de moral já tão clichê no cinema estadunidense que quase não vale a pena ter assistido ao novo longa de Zemeckis.

Nos cinemas!

Gustavo Halfen

quinta-feira, 7 de março de 2013

Hitchcock


Direção: Sacha Gervasi
País: EUA
Ano: 2012




Baseado no livro Alfred Hitchcock e os Bastidores de Psicose, porém com total liberdade criativa, o diretor Sacha Gervasi explora o lado de vida pessoal de Hitchcock, seu relacionamento com as mulheres e ao mesmo tempo homenageia a obra prima de suspense Psicose.
Logo ao início vemos Hitchcock “na carne” do ator Anthony Hopkins, que está irreconhecível com uma maquiagem um tanto assustadora; dando um ar caricato ao personagem. Hitchcock fala com a câmera e explica o que irá se passar nos próximos 98 minutos do longa, mostrando que o filme tem seu toque de surrealismo.


Na trama, o “mestre do suspense” está em crise; preocupado com a crítica que diz que ele deveria se aposentar. Hitch se sente incomodado e sem inspiração, até conhecer o livro Psicose. Apoiado por sua mulher Alma (Helen Mirren) ele inicia as gravações de Psicose mesmo sem o apoio financeiro dos grandes estúdios. O longa foca bastante em seu relacionamento não tão romântico com sua esposa e seu fascínio por suas belas atrizes. Mostra um lado de Hitch mais cômico: não gostava de fazer dieta e queria atenção exclusiva de Alma durante as gravações.
Com uma trilha sonora cômica e um certo ar maquiavélico, há traços no filme do antigo A Família Adams.


Algumas curiosidades sobre a gravação de Psicose são reveladas e as reações de Alfred na primeira sessão de cinema do seu filme são extasiantes! Porém poucas coisas acontecem durante o filme, dando um certo ar entediante e vazio. Vale como uma comédia autobiográfica e como uma homenagem a sua esposa Alma Hitchcock.

Nos cinemas!

Gustavo Halfen

terça-feira, 5 de março de 2013

Argo

Direção: Ben Affleck
País: EUA
Ano: 2012



Argo é aquele típico filme estadunidense fadado a ganhar Oscar de melhor filme (e ganhou!); um filme sobre patriotismo e guerra com um leve toque de crítica ao governo imperialista. Porém, isto não tira os créditos de um filme bom.
Em 1979 os EUA viveu a Crise dos Reféns no Irã, quando o governo estadunidense se recusou entregar o xá Reza Pahlevi que estava refugiado nos EUA; pois o Irã queria enforcá-lo em praça pública. Revoltados, a população iraniana invadiu a embaixada estadunidense, e tomou 54 pessoas como reféns. Outras seis pessoas fugiram pelas ruas e se esconderam na casa do embaixador canadense. O longa conta sobre a operação Argo, onde os especialista em exfiltração Tony Mendez  (Bem Affleck) tem a ideia de entrar no país fingindo estar procurando lugares para gravar o filme (fictício) de ficção cientifica chamado Argo e tirar os seis estadunidense procurados como se fossem da equipe de filmagem.


Em sua terceira direção, Ben Affleck agora mais maduro faz o seu melhor filme; utiliza  a história do Irã para criticar (mesmo que de forma sutil) o imperialismo norte americano, homenageia filme de ficção cientifica como Star Wars e Planeta dos Macacos e brinca com a vida hollywoodiana de forma cômica .


O filme tem uma cor amarelada envelhecida como se fosse filmado nos anos 1970. A tensão do  longa com a tentativa de retirar os estadunidenses de solo iraniano é constante e de “roer as unhas”. O desfecho do filme não é dos melhores mas agrada a comunidade de Los Angeles.
Como dito no primeiro parágrafo deste texto: um filme fadado a Oscar, que no momento o prende ao sofá, mas ao acordar no outro dia, o espectador pouco  lembrará de Argo como um grande filme.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Mangue Negro


Direção: Rodrigo Aragão
País: Brasil
Ano: 2008




Mangue Negro é o primeiro longa do diretor brasileiro Rodrigo Aragão. Cineasta capixaba que já havia dirigido alguns curtas metragens no estilo trashs: Chupa Cabras (2004),Peixe Podre (2005) e Peixe Podre II (2006). 


O filme se passa em uma região de mangue isolada do mundo moderno, onde a poluição dos manguezais faz com que toda a fauna e flora local acabem e começa a surgir uma “infecção” onde as pessoas viram zumbis, assim como àqueles que são mordidos pelos mesmos. A história é mais centrada em Luis (Walderrama do Santos) que aos poucos vai se tornando um especialista em matar os mortos vivos com seu machado, para proteger sua amada Raquel (Kika de Oliveira).
O filme é bem trash; as atuações são tão péssimas que é difícil achar que não foi proposital. Assim como o roteiro, a fotografia também é precária, percebe-se a falta de cuidado com a luz. Porém o filme ganha pontos positivos na excelente maquiagem e efeitos. Os zumbis são muito bem feitos, temos aqui o uso também de animatronics (animações com recursos mecânicos), tudo feito pelo próprio Rodrigo Aragão.


O filme critica a poluição dos manguezais no nordeste. Outro mérito do filme é a invenção de lendas e folclores brasileiros; temos no filme uma senhora que é uma espécie de oráculo, visionária apocalíptica, profeta, bruxa e conselheira, Dona Benedita também conversa com espíritos e sabe como curar quem foi mordido por um zumbi através do uso do veneno do baiacu.
Mangue Negro, rodado no Espírito Santo e teve um orçamento de aproximadamente R$ 50 mil reais. Fez parte da seleção oficial do Festival Sci Fi de Londres e ganhou prêmio de melhor filme pelo júri popular, melhor diretor estreante e melhores efeitos especiais no Festival Buenos Aires Rojo Sangre, na Argentina.

Gustavo Halfen

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O Mestre (The Master)


Direção: Paul Thomas Anderson
País: EUA
Ano: 2013




O diretor Paul Thomas Anderson tem uma breve carreira cinematográfica e já é considerado um dos maiores cineastas da atualidade. Não é por menos, em sua cinematografia temos Boggie Nights, Magnólia (meu preferido), Embriagado de Amor, Sangue Negro e agora, após seis anos O Mestre.


O Mestre conta a estória do início da seita religiosa chamada de Cientologia. Seita a qual possui muitos adeptos hollywoodianos, inclusive Tom Cruise. Freddie Quell (Joaquin Phoenix) marinheiro que ao fim da 2ª Guerra Mundial, fica pulando de trabalho em trabalho criando confusões e se embriagando. Até um dia em que ele se depara com Lancaster Dodd, (o Mestre) (Philip Hoffman), que cria a Cientologia e vê em Freddie uma ótima cobaia para seus experimentos que misturam de certa forma hipnose com viagens interplanetárias através da mente.


Paul T. Anderson, trabalha bem seus personagens; em quase toda primeira hora do filme só é mostrado a trajetória de Freddie, após o termino da guerra. O filme enfoca bem a situação dos soldados que ficam perdidos quando os conflitos se acabam. Joaquim Phoenix faz uma interpretação de marcar sua carreira, dá prazer em vê-lo neste papel, sempre corcunda e com as mãos na cintura em uma posição de dúvida e ao mesmo tempo imprevisível; assim como Hoffman que deixa suas veias faciais saltarem quando seu personagem se irrita.
Toda a parte técnica do filme é impecável; cenas e cortes delicados, dando grande enfoque para a interpretação dos atores, que é o “carro chefe” do longa. A trilha sonora composta por Jonny Grennwood (guitarrista do Radiohead), que trabalhou junto a P. T. Anderson em Sangue Negro, seguindo a mesma linha do filme anterior é impossível deixar de notar. 


A criação de tal seita e a relação de ambos os personagens (Freddie e Lancaster) é o tema de todo o longa, cenas marcantes que misturam comédia, drama, violência e imprevisibilidade, tornam O Mestre em uma verdadeira obra de arte. 

Gustavo Halfen

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Zelig


Direção: Wood Allen
País: EUA
Ano: 1983





Leonard Zelig (Wood Allen) é um “homem camaleão” que possui a capacidade de se integrar e se relacionar em diversos ambientes. Em meio a classe aristocrata nova iorquina ele se parece como tal, em uma roda de negros, a pele de Zelig escurece e seu sotaque também muda, o mesmo acontece ao conversar com médicos, judeus e chineses. Chamando atenção da comunidade cientifica, médicos e psicanalistas, estes, começam a estudá-lo e a Dra. Eudora Fletcher (Mia Farrow) fica obcecada pelo caso e busca diferentes formas para curá-lo e entendê-lo.


O historia é contada na forma de um mocumentário (falso documentário). A parte técnica do filme é impecável, fotografias e imagens são manipuladas mostrando Zelig próximo a celebridades como Charles Chaplin e ate mesmo Charles Foster Kane, o Cidadão Kane de Orson Welles.


Wood Allen brinca com a psicanálise e a psicologia, critica de forma divertida a formação de ídolos na sociedade e a capacidade da mídia de construí-los e destruí-los. Zelig acaba virando uma espécie de freak show. E acaba sendo o símbolo de nós mesmos que usamos máscaras diariamente para representarmos papéis sociais perante a sociedade.




Gustavo Halfen