quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O Ditador (The Dictator)


Direção: Larry Charles
País: EUA
Ano: 2012
 


  
Comédias exageradas e com paródias costumam ser bobas e idiotas, e certa medida de humor negro pode muitas vezes irritar o público. Embora o humor negro de O Ditador seja mais que ácido, parece que o povo estadunidense ou não entende, ou gosta de ser zombado, pois tamanha ousadia do longa é de se esperar que muitos saiam da salas de cinema com o nariz torto; fato já ocorrido em Bruno (2009), filme do mesmo diretor.


Na trama, Aladeen (Sacha Baron Cohen) é um ditador caricato exatamente como a imprensa atual tentar mostrar-nos os “mega milionários” do oriente médio: egocentristas e idiotas que banalizam a morte, adoram armas nucleares e pagam para o obter toda e qualquer banalidade. Aladeen parte para os EUA com o intuito de fazer um discurso sobre sua não aceitação às condições impostas pela ONU para seu governo. Já em território yankee, o ditador é traído pelo seu “braço direito” que fez um trato com grandes petrolíferas capitalistas e é substituído por seu sósia.


Aladeen conhece então Zoey (Anna Faris), uma feminista libertária típica da atualidade: vegetariana de esquerda que possui uma loja de orgânicos onde abriga imigrantes. O impacto cultural entre os dois personagens resume todo o comportamento da população estadunidense no filme.


O preconceito contra imigrantes árabes nos EUA e o medo pós “11 de setembro” embora clichê, é o prato principal das piadas do filme de Larry Charles. Os deboches da cultura anglo saxônica vai desde as peças da Broadway à monumentos simbólicos e turísticos, passando por filmes como O Iluminado (Stanley Kubrick) e Rocky (John Avildsen). Indo além, o protagonista em seu principal discurso deixa claro que a república democrática não passa de uma ditadura, onde a imprensa parece livre, mas não é; adulteram-se as eleições; torturam-se prisioneiros estrangeiros; mentem sobre as guerras e usam imprensa para assustar o povo.


Embora O Ditador seja um filme caricato repleto de boas piadas, com um tema já bastante explorado, seu humor negro é extremamente reflexivo e sério e nos alerta a uma política externa estadunidense nada engraçada.

Estréia nos cinemas dias 24 de agosto.

Gustavo Halfen

Nenhum comentário:

Postar um comentário