Direção: Larry Charles
País: EUA
Comédias exageradas e com paródias costumam ser bobas
e idiotas, e certa medida de humor negro pode muitas vezes irritar o público.
Embora o humor negro de O Ditador seja mais que ácido, parece que o povo
estadunidense ou não entende, ou gosta de ser zombado, pois tamanha ousadia do
longa é de se esperar que muitos saiam da salas de cinema com o nariz torto;
fato já ocorrido em Bruno (2009), filme do mesmo diretor.
Na trama, Aladeen (Sacha Baron Cohen) é um ditador caricato exatamente
como a imprensa atual tentar mostrar-nos os “mega milionários” do oriente
médio: egocentristas e idiotas que banalizam a morte, adoram armas nucleares e
pagam para o obter toda e qualquer banalidade. Aladeen parte para os EUA com o
intuito de fazer um discurso sobre sua não aceitação às condições impostas pela
ONU para seu governo. Já em território yankee,
o ditador é traído pelo seu “braço direito” que fez um trato com grandes petrolíferas
capitalistas e é substituído por seu sósia.
Aladeen conhece então Zoey (Anna Faris), uma feminista
libertária típica da atualidade: vegetariana de esquerda que possui uma loja de
orgânicos onde abriga imigrantes. O impacto cultural entre os dois personagens
resume todo o comportamento da população estadunidense no filme.
O preconceito contra imigrantes árabes nos EUA e o
medo pós “11 de setembro” embora clichê, é o prato principal das piadas do
filme de Larry Charles. Os deboches da cultura anglo saxônica vai desde as
peças da Broadway à monumentos simbólicos e turísticos, passando por filmes
como O Iluminado (Stanley Kubrick) e Rocky (John Avildsen). Indo além, o
protagonista em seu principal discurso deixa claro que a república democrática
não passa de uma ditadura, onde a imprensa parece livre, mas não é;
adulteram-se as eleições; torturam-se prisioneiros estrangeiros; mentem sobre
as guerras e usam imprensa para assustar o povo.
Embora O Ditador seja um filme caricato repleto de
boas piadas, com um tema já bastante explorado, seu humor negro é extremamente
reflexivo e sério e nos alerta a uma política externa estadunidense nada
engraçada.
Estréia nos cinemas dias 24 de agosto.
Gustavo Halfen
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